Vôvóz - A Flor do Sol: livro produzido por egressas de Jornalismo chega às prateleiras da Biblioteca

Começamos com um questionamento: você já parou para ouvir a história, as experiências e as vivências da sua avó, do seu avô ou de outro idoso? Parece algo simples mas que muitas vezes passa despercebido. Em diversas ocasiões não realizamos as homenagens em tempo e após a morte acabam ficando palpáveis apenas a quem fica, mas para quem vai são abstratas. Tendo este ponto de partida as egressas do curso de Jornalismo do Centro Universitário FAG Amanda Alves, Celeste Pereira e Kauana Bacarin desenvolveram o projeto Vôvóz, que compôs o TCC (Trabalho de Conclusão de Curso).

As profissionais, formadas em 2021, tinham a tarefa de entregar um produto multimídia, mas a plataforma base deveria ser o impresso. Com isso, em conjunto com a professora Tatiana Bilhar, que foi a orientadora, chegaram aos livros cartoneros, que são originários da Argentina e surgiram em meio a crise econômica. As publicações, que começaram em 2003, eram impressas em pequenas gráficas e as capas produzidas de forma artesanal, em especial com papelão reciclado e pintadas a mão.

"Elaboramos o livro com muito cuidado e mesmo em meio a pandemia, que não possibilitou o contato físico com a nossa personagem central, que é a dona Maria Luiza Brita, ela nos atendeu de forma muito solícita pelas redes sociais. O apoio da filha dela, a professora da FAG Julliane Brita, também foi essencial para a concretização do livro", diz Celeste Pereira. 

A história da dona Maria Luiza, que mora em um bairro de Cascavel de mesmo nome, foi a escolhida para ser contada no livro Vôvóz e ela, conforme as egressas, teve a maior emoção da vida em se ver em uma publicação desta magnitude. "Ela ficou muito feliz. Nós escrevemos a história mas ela mesma pôde fazer a capa do livro, já que a proposta é ser algo artesanal e a filha dela escreveu o texto de entrada da obra, foi algo bem emocionante para todas nós". Para que este processo pudesse ocorrer foi entregue para a idosa todos os materiais necessários para a montagem da capa, que poderia ser feita da forma que a protagonista achasse melhor.

"Coração quentinho"

Duas cópias impressas nasceram, uma com a capa produzida pela dona Maria Luiza e outra com a capa confeccionada pelas então acadêmicas, sendo essa entregue à mãe de Julliane. "O dia da entrega foi maravilhoso, pudemos ver nos olhos dela a alegria em ver sua história materializada no livro. Esse foi o trabalho mais prazeroso feito dentro do curso, deixou todas nós com o 'coração quentinho', e isso não tem nota e nem dinheiro que pague", afirma Amanda Alves. A entrega foi possibilitada seguindo todos os protocolos em relação à Covid-19, visando a saúde de todas.

Livro está disponível na Biblioteca FAG

O livro obteve o registro na Biblioteca Nacional, conquistando o ISBN (International Standard Book Number). O processo foi feito por meio da Editora FAG com o apoio da biblioteca da Instituição. "A partir de agora toda a comunidade acadêmica da FAG poderá ter acesso ao nosso livro, que ficará à disposição para consulta na biblioteca do centro universitário. Queremos trazer essa reflexão que as homenagens devem ser feitas em vida e também para os jovens darem mais atenção aos idosos, que têm muito a compartilhar conosco e muitas vezes só querem ser ouvidos. Espero que os leitores e leitoras se sensibilizem e gostem da nossa obra", espera a jornalista Celeste Pereira.

Além do livro, também foi elaborado um podcast e mídias sociais que trouxeram outras abordagens, mas com o mesmo ideal, dar a oportunidade dos vovôs de se expressarem e mostrarem suas histórias, talentos e vivências. A banca avaliadora do projeto, realizada no fim de 2021 de forma online, foi composta pela orientadora, professora Tatiana Bilhar, pela professora Noiara Zardo e pela professora Marília Gasparovic, que consideraram o trabalho como aprovado com nota 9.8.

A versão digital do livro Vôvóz pode ser acessada clicando aqui.

Resumo (pelas autoras)

"Nesta edição, contamos um pouco sobre Maria Luiza, que gentilmente nos permitiu adentrar sua privacidade e retratar episódios que compõem sua biografia, ainda em curso. A vida de Luiza retrata a não limitação pela idade. Ativa e disposta em seus mais de 70 anos, sua sensação é de não pertencimento à terceira idade. Isso por conta dos estereótipos que se atribuem a essa parcela crescente da população brasileira. 

É preciso revisar e revisitar nosso modo de olhar e compreender a velhice e os mais velhos. Maria Luiza nos propicia tais reflexões. Sua vida intensa e sua personalidade ousada - as quais, devido à pandemia da Covid-19, conhecemos e reconhecemos por meio de conversas online - são construídas por (e de) episódios inusitados, emocionantes e que nos mostram que uma vida cotidiana é também repleta de ensinamentos. Ela nos ensina: a questionarmos, a abrir um sorriso frente às dificuldades, a aproveitar, a lutar por sonhos e ideais e, principalmente, a respeitar a história e a vida de todos e de cada um - belas e importantes em sua singularidade. 

Nossa personagem, a primeira de muitas cujas histórias queremos lhes contar, é uma senhora cheia de vida, com força e graça surpreendentes e inspiradoras. Nós três conduzimos as entrevistas que foram necessárias para ir lhe conhecendo. Uma de nós, Celeste, é quem assume o papel de narradora e transita em palavras as 'historinhas' contadas pela nossa 'menina' Luiza. Convidamos-lhes, assim, a passear conosco por algumas histórias que compõem a História de Maria Luiza Brita".