Professora do Centro FAG contribui para consenso nacional sobre relatórios de exames do sono
A médica Carolina de Paula Soares atua no Hospital São Lucas e é especialista em medicina do sono
Carolina de Paula Soares, otorrinolaringologista e médica do sono, é coautora de um documento elaborado pela Associação Brasileira do Sono que estabelece um consenso para padronizar os relatórios de polissonografia no Brasil. A iniciativa contou com a colaboração de 29 especialistas da área.
De acordo com Carolina, antes da criação deste material, não havia um padrão estabelecido no país, resultando em diferenças nos relatórios emitidos pelos diversos serviços de polissonografia. “Isso dificultava a comparação de evoluções clínicas. Um paciente que fazia tratamento para apneia do sono, por exemplo, poderia repetir o exame em outro local e ter a impressão de piora ou melhora devido às variações nos relatórios”, explica a médica.
A polissonografia é o principal exame para o estudo da maioria dos distúrbios do sono. Segundo Carolina, a medicina do sono é uma área relativamente nova e em constante evolução tecnológica. “Não tínhamos um material brasileiro atualizado que contemplasse as recentes inovações nos diferentes tipos de exames. As diretrizes para marcação de eventos descritos na polissonografia vêm da Academia Americana, mas faltava um documento que atualizasse esses padrões no contexto brasileiro”, ressalta.
O documento elaborado pela Associação Brasileira do Sono visa fornecer uma base comum para os relatórios em todo o país, beneficiando profissionais de saúde e pacientes. “Ele possibilita diagnósticos e tratamentos mais precisos e seguros”, afirma Carolina. A médica destaca a importância de democratizar o acesso ao documento para que não apenas especialistas em sono, mas também outros profissionais da saúde possam se atualizar sobre o tema. Acesse o documento.
Dentro da sua vasta experiência, a médica relata sobre a dificuldade de interpretação dos profissionais em relação aos exames do sono por falta de diretrizes. "Já vi casos em que houve comparação de exames diferentes, como polissonografia do tipo 4 com do tipo 1, e interpretarem relatórios como se fossem iguais, quando na verdade não são. É como comparar um raio X com uma ressonância. A normatização trazida pelo documento vai permitir que os profissionais da saúde interpretem esses exames corretamente, garantindo diagnósticos e tratamentos mais confiáveis."
A medicina do sono no Brasil e seus desafios
Apesar dos avanços, a médica enfatiza que há poucos especialistas em medicina do sono no Brasil, cerca de 500 com certificação. “Distúrbios do sono acometem mais de 50 milhões de brasileiros. Mesmo com a contribuição multidisciplinar de fisioterapeutas, psicólogos, fonoaudiólogos, nutricionistas, educadores físicos e odontólogos, o número de profissionais capacitados ainda é insuficiente”, alerta Carolina. Ela também reforça a necessidade de maior apoio e divulgação em centros universitários para estimular a produção de material científico.
Segundo Carolina, o Brasil possui centros de excelência em medicina do sono que participam de estudos internacionais multicêntricos. Entretanto, o principal desafio é integrar a medicina do sono ao SUS (Sistema Único de Saúde). “Hoje, a medicina do sono está majoritariamente na saúde suplementar. A espera por um exame de polissonografia no SUS pode ser de três a quatro anos”, destaca.
A médica conclui ressaltando a importância de conscientizar a população sobre os distúrbios do sono. “Dormir bem é essencial para a saúde. Distúrbios como apneia, insônia, bruxismo e pernas inquietas precisam ser diagnosticados e tratados para melhorar a qualidade e a expectativa de vida”, avalia Carolina.
Trajetória e dedicação à medicina do sono
Carolina foi membro da diretoria da Associação Brasileira do Sono entre 2022 e 2024, possui doutorado em otorrinolaringologia e certificação em medicina do sono. Ela considera o consenso um dos trabalhos mais relevantes de sua trajetória. O estudo envolveu respostas a formulários que abordavam questões essenciais para relatórios das polissonografias tipos 1, 2, 3 e 4.
O interesse de Carolina pela medicina do sono surgiu durante a residência em otorrinolaringologia. Com 17 anos de experiência na área, ela acumula mais de 15 artigos publicados sobre sono, além de quatro capítulos de livros e diversos projetos em andamento. “Esse trabalho com diretrizes nacionais é, sem dúvidas, um passo importante para consolidar e disseminar o conhecimento na área”, avalia.
No Centro FAG, onde atua desde 2011, Carolina é professora de otorrinolaringologia e preceptora do internato no ambulatório do Hospital São Lucas. Além disso, é médica do sono, responsável pelo setor de polissonografia e cirurgiã. “Realizamos cirurgias, incluindo robótica para apneia do sono”, detalha.
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