Dia da Conscientização da Cardiopatia Congênita: investimentos em centros e profissionais da saúde especializados é o grande desafio do Brasil

Neste 12 de junho, o Hospital São Lucas, que possui especialistas em cardiologia pediátrica, reforça também a necessidade do diagnóstico precoce para a prevenção dessas doenças

12/06/2021


O 12 de junho é o Dia Nacional de Conscientização da Cardiopatia Congênita, má formação cardíaca que está presente durante o desenvolvimento do feto. Cerca de 10% dos bebês nascem com algum problema cardíaco no Brasil. Deste total, em torno de 2% apresentam doenças muito graves, que com o diagnóstico precoce podem, efetivamente, receber o atendimento mais adequado. As cardiopatias congênitas são a terceira maior causa de morte de bebês antes do 30º dia de vida, de acordo com dados divulgados pelo Ministério da Saúde.As doenças correspondem a cerca de 10% das causas dos óbitos infantis e representam ainda de 20% a 40% das mortes decorrentes de má-formações. 

Estima-se que nasçam cerca de 30 mil crianças cardiopatas todos os anos no país. Atualmente, 85% das crianças que têm cardiopatias congênitas chegam à idade adulta devido aos novos tratamentos, cirurgias e medicamentos. Isso criou um índice maior de adultos com cardiopatias congênitas. Nos Estados Unidos, estima-se que este número chegue a um milhão. Hoje, já contabiliza-se mais adultos que crianças com cardiopatias congênitas. 

Então, que todos os dias sejam dia 12 de junho, para que sempre lembremos das cardiopatias congênitas, e de como somos todos importantes para oferecer a estes pacientes a chance de serem tratados, quando necessitarem, no tempo certo e da melhor forma possível.


O que é cardiopatia congênita? 

A cardiopatia congênita é uma doença na qual há anormalidade da estrutura ou função do coração, que está presente no nascimento, mesmo que descoberta muito mais tarde. Ela ocorre por uma alteração no desenvolvimento embrionário de uma estrutura cardíaca normal e as alterações do fluxo sanguíneo, resultantes desta falha, podem influenciar o desenvolvimento estrutural e funcional do restante do sistema circulatório.

 

Quais são os sintomas da cardiopatia congênita?

Observe sinais que podem indicar uma cardiopatia congênita:

Em bebês:

  • Pontas dos dedos e/ou língua roxa;
  • Transpiração e cansaço excessivos durante as mamadas;
  • Respiração acelerada, enquanto descansa;
  • Dificuldade em ganhar peso; e
  • Irritação frequente e choro sem consolo.


Em crianças:

  • Cansaço excessivo durante a prática de atividades físicas e a dificuldade de acompanhar o ritmo de outros garotos e garotas;
  • Crescimento e ganho de peso de forma não adequada;
  • Infecções pulmonares repetitivas, lábios roxos e pele mais pálida quando brinca muito;
  • Coração com ritmo acelerado; e Desmaio.


Diagnóstico das Cardiopatias Congênitas no Adulto

O diagnóstico das cardiopatias congênitas no adulto começa com uma avaliação feita pelo cardiologista. Depois, pode seguir com os exames. Entre eles, eletrocardiograma, radiografia de tórax, ecocardiograma e teste ergométrico (conhecido como teste de esforço ou esteira). 

Já exames como tomografia, ressonância magnética eo cateterismo cardíaco permitem não apenas diagnosticar, mas também apontar como deve ser a cirurgia corretiva. E isso é muito importante para planejar o tratamento da cardiopatia congênita.


Quais são os fatores de risco? 

Um dos fatores de risco para o desenvolvimento da cardiopatia congênita é a herança genética. Pais e mães portadores de cardiopatias congênitas apresentam uma chance duas vezes maior de gerar um bebê cardiopata. O mesmo ocorre quando o casal já gerou um bebê com malformação cardíaca. Algumas cardiopatias, em particular, têm uma chance de recorrência ainda maior, chegando até 10% em gestações subsequentes. Fatores como diabetes pré gestacional, uso de medicações, lúpus, e uso de substâncias psicoativas podem aumentar o risco de cardiopatia congênita.

 

Como é feito o diagnóstico?  

As cardiopatias congênitas podem ser detectadas ainda na vida fetal. Durante a gestação alguns exames facilitam a detecção da doença. Uma ferramenta importante é o Ecocardiograma fetal, ou seja, o ultrassom do coração do feto. Este exame deve ser realizado entre a 24ª a 28ª semana de gestação, preferencialmente, mas pode ser feito antes ou depois se houver necessidade ou indicação.

 Objetivando facilitar a detecção de defeitos mais graves ainda na maternidade, foi instituído o ?Teste do  Coraçãozinho?, obrigatório em todo o Brasil. Vale ressaltar que várias cardiopatias não provocam sopros ou outras manifestações no recém-nascido com poucas horas ou nos primeiros dias de vida, dificultando seu reconhecimento precoce e, consequentemente, seu tratamento, colocando-o em risco de vida. 

É uma maneira de, com mais esta ferramenta, facilitar o diagnóstico destas doenças. Todos devem estar atentos e exigir sua realização. Após o nascimento, através da radiografia de tórax, eletrocardiograma e ecocardiograma, o diagnóstico é realizado. Para muitos pacientes, o diagnóstico só ocorre na vida adulta.


Como é o tratamento da cardiopatia congênita? 

O tratamento clínico da cardiopatia congênita é feito conforme o quadro que a criança apresenta, seja de cianose ou de insuficiência cardíaca. Algumas cardiopatias congênitas não necessitam de tratamento, uma vez que podem apresentar cura espontânea, em alguns casos de canal arterial persistente no bebê prematuro, as comunicações interventriculares pequenas e comunicações interatriais pequenas. 

Já as cardiopatias que evoluem de forma mais grave, podem necessitar de tratamento cirúrgico, algumas vezes realizado já no período neonatal, outras vezes no lactente ou criança maior, conforme a necessidade. Atualmente temos a opção do cateterismo cardíaco terapêutico (disponível na FHSL), que pode realizar procedimentos paliativos e até mesmo curativos, como é feito no canal arterial persistente, na comunicação interatrial, na estenose pulmonar, na estenose aórtica, na coarctação da aorta, e casos selecionados de comunicação interatrial.


Como prevenir a cardiopatia congênita? 

Não há formas de prevenir a doença, porém, algumas mudanças comportamentais podem ajudar para o bom desenvolvimento do bebê. Antes de engravidar, a mulher deve procurar um médico para ver se seu estado de saúde está bem e iniciar a ingestão diária de uma vitamina chamada ?ácido fólico?, que deve ser receitada pelo obstetra. ?A deficiência dessa vitamina pode ser um fator desencadeador de malformações cardíacas e do sistema nervoso central do feto?. Além disso, mulheres com diabetes pré gestacional devem ter procurar um controle glicêmico adequado.


Texto por:

Giolana Mascarenhas da Cunha

CRM PR 32784

RQE27790

Cardiologista Pediátrica

Hemodinâmica de Cardiopatias Congênitas em Crianças e Adultos.


Formação:

Universidade Federal de Pelotas/RS

Residência de Pediatria: Hospital da Criança Conceição/Porto Alegre

Residência de Cardiologia Pediátrica: Hospital Pequeno Príncipe

Fellow em Hemodinâmica de cardiopatias congênitas: Instituto do Coração (InCor) da Faculdade de Medicina da USP/São Paulo


Fonte das informações: 

HCOR (Hospital do Coração), SCP (Sociedade Catarinense de Pediatria), SBC (Sociedade Brasileira de Cardiologia) e Hospital Pequeno Príncipe.

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