Normal Superior da Fasul discute a “Escola democrática”

18/04/2005

O curso de Normal Superior com habilitação em Anos Iniciais e Educação Infantil da Faculdade Sul Brasil, Fasul, realizou no último sábado, das 8h30 às 11h, a primeira palestra do projeto "Olhares críticos sob a educação”.
O tema discutido foi Escola e Democracia. O evento iniciou com a apresentação de acadêmicos que declamaram poemas de escritores famosos, como Fernando Pessoa. Em seguida, houve um o debate mediado pelo professor Doutor de Pedagogia da Unioeste, de Cascavel, Antônio Bosco.

DEMOCRACIA EM QUESTÃO
Segundo o professor, a democracia atual gera uma polêmica muito grande, é uma instituição que está em disputa, porque sendo satanizada por alguns e endeusada por outros. Ele afirma que é necessário verificar no mundo real quais são as possibilidades que ela possui para contribuir com a organização dos trabalhadores e dos estudantes. “Alguns pensam que a democracia serve somente para o capitalismo, mas estão equivocados.
Também existem aqueles que defendem a democracia como última instância de organização dos trabalhadores para a transformação social, que outra vez cai no mesmo equivoco”, afirma. Bosco complementa que a democracia é uma possibilidade que os trabalhadores têm para construir a sua organização e relacionar democracia com a escola, porque ela não está em um estado perfeito. “Quem faz a escola, quem a constrói somos nós. A escola que pensamos é ideal. Corremos atrás de uma escola que na verdade, tem servido aos interesses de reprodução de uma massa crítica que não consegue refletir os problemas reais da sociedade. O pior é que não está conseguindo sair da escola nem alfabetizado”, salienta o professor.

DIFERENÇA
Bosco parte da concepção do estado democrático, para que se possa entender a diferença entre escola real e ideal, que surge a partir da problematização de dois exemplos presentes nas políticas ideais atuais. “A primeira é gestão democrática implantada nos anos 80 e a segunda é a gestão compartilhada que foi implementada durante o governo Lerner de 1995 a 2002, para sabermos quais são as nossas possibilidades diante das políticas educacionais e diante da nossa organização”, pondera. O doutor explica que a escola idealizadora é aquela onde os educadores pensam que estão formando cidadãos. Os educadores acreditam que estão contribuindo para a formação da cidadania e socialização dos indivíduos. “Por sua vez a adaptação do individuo no mundo é a escola real. A escola não contribui para que a sociedade esteja emancipada. Essa reflexão que temos de fazer, qual a nossa possibilidade de trabalhar com a escola real e transformar essa em realidade, ou seja, contribuir para pensar uma outra sociedade, uma sociedade mais justa, mais digna, que acabe com as mazelas sociais que temos enfrentado”, conclui.