Maio Amarelo: as lágrimas de Roseli Fernandes
A filha de Roseli, Jaqueline Fernandes, perdeu a vida em um acidente de trânsito há quase oito meses
Domingo, 24 de setembro de 2017. Apesar de cansada por ter ficado de plantão no trabalho, Jaqueline Fernandes estava feliz. Participou de um almoço entre amigos e com a mãe, Roseli Fernandes. No meio da tarde, voltavam para casa: Jaque vinha de moto; a mãe, de carro com um amigo. No Trevo Cataratas, em Cascavel, ainda travaram uma conversa. "Por que vocês vieram por esse caminho?", Jaqueline questionou. "Encurtamos o trajeto por aqui", respondeu o amigo. Os veículos seguiram pela BR-467. Pelo retrovisor, a mãe estava acompanhando a filha, quando, de repente, ela sumiu do campo de visão. Um motorista em alta velocidade invadiu a pista em que a motociclista estava. Jaqueline foi arremessada na canaleta da rodovia. Não havia nada que os socorristas pudessem fazer. O xodó de Roseli havia partido.
"Eu vi a massa encefálica da minha filha na grama. Tentei fazer os primeiros socorros, mesmo percebendo que ela já estava morta", expressa a mãe. No momento do acidente, o motorista do carro fugiu e só se apresentou à Polícia Civil no dia seguinte, após ter sido identificado. Quase oito meses depois do ocorrido, a voz da mãe fala da filha com muito orgulho, porém, o choro sempre molha as frases recheadas de dor e amor - as lágrimas não secaram. "Esse dia foi o mais triste das nossas vidas. A Jaqueline foi e levou um pedaço da gente. Eu não planejo mais nada", confessa Roseli.
Jaqueline Fernandes tinha 27 anos de idade e cursava Medicina Veterinária no Centro Universitário FAG. O abalo pela morte não ficou restrito à família e pessoas mais próximas: a comunidade acadêmica do curso sentiu a perda da garota sorridente, que tinha a simpatia como marca registrada, seja na sala de aula ou no Hospital Veterinário da FAG, onde trabalhava. A saudade se tornou homenagem, e o Centro Acadêmico de Medicina Veterinária ganhou o nome de "Jaqueline Fernandes". O amor pelos animais era de longa data. "Ela fazia até funeral para os animais, enfeitava com florzinhas. Nos fundos de casa, montou um cemitério para os bichinhos", relembra a mãe. O sonho era se formar e se especializar no tratamento de grandes animais para oferecer um futuro melhor aos pais. "Ela falava que queria dar uma vida de rei e rainha para mim e ao meu marido. Falava assim: 'você não tem ideia, mãe, do que eu vou proporcionar para vocês'", acrescenta a mãe.
As metas não puderam ser alcançadas e a aceitação de tudo que aconteceu ainda está em processo. "Ainda não consegui mexer no guarda-roupa dela. Durmo no quarto dela para senti-la mais perto de mim. Para mim, a Jaque não morreu. Eu ainda espero ela voltar da faculdade. Eu escuto um barulho de moto e acho que é ela que está chegando. Tudo me lembra a Jaque, ela será eterna", ressalta Roseli.
Roseli, que sempre se comoveu com as histórias de pais que perderam os filhos em tragédias, se viu como um deles, sem conseguir mensurar o tamanho da dor. Para o futuro, deseja que outras mães, outros pais, filhos, irmãos, amigos, não precisem experimentar desse sentimento. "As pessoas precisam ter a consciência de que quando entram em um carro há vidas em jogo. É preciso ter a preocupação de que seu caminho seja feito sem deixar mortes, sem deixar um rastro de destruição na vida de outras pessoas. Nossa vida foi destruída por esse acidente. Peço às pessoas que tenham prudência, cuidem da vida dos outros como se fossem seus filhos, esposa, marido, mãe. A vida é o nosso bem mais precioso. Não existe dor mais triste do que a perda de um filho. Paz no trânsito, chega de morte, chega de sofrimento", encerra.
2025 Cascavel
2025 Cascavel
2025 Cascavel
2025 Cascavel
2025 Toledo
2025 Cascavel
2025 Cascavel
2025 Cascavel
2025 Cascavel
2025 Cascavel
2025 Cascavel
2025 Cascavel