Intercom Sul: Fórum debate Ensino da Comunicação
Os participantes trouxeram a visão de que a discussão do futuro do ensino não pode ser descolada dos debates sobre desigualdade e gênero
A publicitária e Doutora em Criação Publicitária, Juliana Petermann, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e o publicitário e Doutor em Letras, Fábio Hansen, da Universidade Federal do Paraná (UFPR) compuseram a mesa de discussões do Ensicom, que aconteceu na programação do primeiro dia do Intercom Regional Sul 2018. Em pauta a discussão sobre o ensino da Comunicação.
Para Juliana, a discussão sobre o ensino dentro do Intercom talvez seja o grande momento do evento. "Acredito que deveria começar por aqui, pois as preocupações que surgem posteriormente, por exemplo as categorias da Intercom, questão das pesquisas nas nossas áreas, tudo isso acaba sendo reflexo da sala de aula. Então se a gente não tem uma reflexão sobre o ensino, acabamos tendo tangenciamentos e angulações que não gostaríamos, em outras práticas, como na pesquisa e extensão. Muitas vezes, criticamos coisas do mercado, que não podem ser mudadas se não mudamos a sala de aula. Como mudar o mercado reproduzindo aquelas coisas que estamos criticando em sala de aula? Deveria ser o início de tudo", destaca.
A discussão teve como pano de fundo também a discussão de diversida e gênero. "Dos princípios que norteiam minha reinvenção em sala, o primeiro é o princípio é o da diversidade. Não existe hoje nenhuma revisão a ser feita que não seja baseada nesse princípio, no ensino ou no mercado. Eu não consigo entender, por exemplo como as instituições ainda se organizam apenas com homens representantes, e quando há a presença da mulher é para ser trabalho de bastidor. Eu tenho em paralelo com a sala de aula um projeto que é o 50/50 que discute a igualdade de gênero dentro da criação publicitária, em que trabalho só com as meninas, para que elas se potencializem. Por que, particularmente, eu entendo que o processo de criatividade contempla os meninos, desde criança. Quando ele pode sair na rua, ganha bicicleta, computadores? São os meninos que têm acesso a tudo isso primeiro. Então já começa aí a desvantagem. Afastando as mulheres da tecnologia", comenta Juliana.
Fábio trouxe também a visão de que a discussão desse futuro do ensino não pode ser descolada dos debates sobre desigualdade e gênero. "Precisamos trazer essas questões para o ensino, precisamos de mais representatividade dos estudantes. Precisamos compreender essa revolução pela qual passa a comunicação de maneira geral, com todas essas transformações e reconfigurações, e refletir sobre quais são nossas funções e atividades, e como nós professores no ensino repercutimos ou não esse movimento", esclarece.
Em uma sociedade mutante, a conclusão foi de que a sala de aula é o ponto de partida para as transformações que ainda precisam acontecer. "Por mais que estejamos passando por um momento sofrido, sem saber muito bem para onde vai, ou como vai ser, esse momento de transição permite essa aproximação de relacionamento horizontal, onde os diálogos entre professor e alunos sejam efetivamente próximos, horizontalizados. Mesmo com tantas perguntas e poucas respostas, para lá na frente teremos mais opções de escolha. Plantar a semente agora, para depois colher os frutos", finaliza.
Colaboração: Rafaela Rafagnin
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