FAG Pesquisa: TCC demonstra riscos de doenças transmitidas pelo sangue em salões de beleza

Os profissionais de manicure e pedicure lidam com os mais diferentes tipos de clientes: tem os exigentes, os que curtem um bom papo, aqueles que vão ao salão pela companhia, entre outros. Mas, independentemente do perfil do cliente, todos têm algo em comum que merece atenção: o sangue. Você sabia que em um salão de beleza muitas doenças podem ser transmitidas através do sangue?

Com o objetivo de compreender a dimensão do problema, a egressa do curso de Farmácia do Centro Universitário FAG, Amanda Buffon, realizou seu Trabalho de Conclusão de Curso com o tema "Conhecimento sobre biossegurança e transmissão de infecções pelo sangue entre profissionais de salões de beleza em um município do oeste do Paraná". Segundo Amanda, a ideia da pesquisa surgiu de uma conversa com a sua orientadora, as duas concordaram que o assunto é de interesse público. "Este estudo tem relevância pela observação e constatação da propagação de doenças através dessa profissão. São necessários mais treinamentos e ações educativas, para que estas profissionais saibam de todos os riscos que o seu ambiente de trabalho oferece".

A pesquisa foi realizada em Cascavel com profissionais de 62 salões de beleza cadastrados na prefeitura do município. Foram aplicados questionários com questões objetivas, que buscavam saber quanto as profissionais conheciam o risco da transmissão de doenças pelo sangue. Ao final do questionário as profissionais precisavam responder quais as outras atividades que elas desempenhavam.

Um dado interessante referenciado na pesquisa de Amanda é o de que as manicures e pedicures têm maiores riscos de obter essas doenças transmissíveis pelo sangue, como Hepatite B e C, Doença de Chagas, HIV, entre outras. Depois da aplicação dos questionários, os resultados obtidos são, em sua maioria, o desconhecimento sobre as doenças abordadas, além da baixa adesão à utilização de EPI's (Equipamentos de Proteção Individual).

De acordo com a pesquisa, 79% da população amostra de manicures/pedicures não fazem o uso dos EPI's, por acharem a utilização desconfortável. Alguns desses EPI's são as luvas descartáveis, óculos de proteção, jaleco/avental, máscara, sapato fechado e touca. Sem o uso desses equipamentos, tanto as profissionais quanto os clientes correm o risco de exposição a doenças transmitidas pelo sangue.

A professora Leyde Peder foi a orientadora da Amanda, e conta que foi ela que sugeriu o tema para a aluna, que sempre muito dedicada e proativa, "abraçou" o assunto. "Durante o TCC foi possível ver a evolução de uma aluna que acompanho desde o primeiro ano, e a responsabilidade demonstrada por ela, é um grande indicativo de como ela será como profissional". Leyde ainda ressalta que essa pesquisa lhe chamou a atenção porque ainda não tinha sido feita em Cascavel. "É um tema muito relevante porque o trabalho das manicures/pedicures envolve o contato com o sangue, um possível transmissor de doenças, ou seja, todas as etapas eram importantes, já que a Amanda precisava não só coletar os dados, como também orientar sobre os cuidados que precisam ser tomados pelas profissionais".

Amanda conclui frisando a importância da conscientização para os profissionais dessa área da estética. "É necessário ter cuidados para evitar a exposição a estas doenças. Muitas vezes achamos 'clichê' todo o alarde em relação aos cuidados básicos, mas eles são muito importantes. Além das orientações que passei, foi legal adquirir mais conhecimento a respeito das doenças que descrevi em minha pesquisa".

Reportagem: Luiz Henrique Leal, acadêmico de Jornalismo