FAG produz óleo vegetal isolante para transformadores

AGBIOELETRIC® já é utilizado em transformadores de Cascavel e em diversas cidades do Brasil. Produto substitui óleo mineral isolante, que é tóxico e poluente.

11/10/2011

Desde 2007, acadêmicos e professores do curso de Agronomia vem se dedicando a pesquisas relacionadas a óleos vegetais. No Centro de Desenvolvimento e Difusão de Tecnologias (Cedetec), se destacam as descobertas envolvendo o Biodiesel, e o projeto AGBIOELETRIC®.

Com relação ao Biodiesel, o Cedetec dispõe de duas usinas didáticas, uma com capacidade para produzir 1000 litros por dia, e outra, que produz 100 litros, sendo que a produção é inteiramente destinada à experimentação. Já com o AGBIOELETRIC®, a história é outra. O óleo já está sendo utilizado também fora da instituição.

Além do curso de Agronomia, a pesquisa pode beneficiar os acadêmicos dos cursos de Engenharia Elétrica, Engenharia Mecânica e Ciências Biológicas da FAG, bem como o curso de Gestão Ambiental da Faculdade Dom Bosco.

Há mais de cem anos, a maioria dos transformadores elétricos faz uso do óleo mineral, que é derivado do petróleo. Este óleo, convencionalmente usado, é tóxico, e em contato com o solo ou água, a contaminação é inevitável.

“Apenas um litro de óleo mineral isolante é capaz de contaminar um milhão de litros de água. Em casos de acidente, o impacto ambiental é muito alto”, destaca o engenheiro agrônomo que é responsável pela pesquisa, professor Cornélio Primieri. Além disso, chegando a temperatura de 110 graus, o óleo mineral isolante se torna inflamável.

Foi a partir das pesquisas com diversas oleaginosas para a fabricação do Biodiesel, que o pesquisador Cornélio descobriu que o óleo vegetal poderia ter a função isolante, e também ser utilizado dentro dos transformadores, substituindo o óleo mineral. Desta forma, surgiu o AGBIOELETRIC®.

A FAG junto ao CEDETEC, através do curso de Agronomia e do grupo Gestor em Oleoquímica, pesquisou e desenvolveu o fluído vegetal isolante, o AGBIOELETRIC®, que é derivado de oleaginosas com características para a utilização em equipamentos elétricos, tais como transformadores de distribuição de energia elétrica.

Nos transformadores, o óleo tem como função principal a refrigeração do transformador e o isolamento elétrico, evitando, por exemplo, que a umidade entre em contato com o papel que existe nas bobinas. Assim, os equipamentos que vemos nos postes de luz transformam a energia que recebem das usinas para uma voltagem adequada ao consumo, chegando até as nossas casas com a tensão de 127 volts, por exemplo.

Enquanto o óleo mineral isolante é altamente prejudicial ao meio ambiente e a saúde humana e animal, o óleo vegetal é um produto agrícola e biodegradável. Em contato com a natureza, seja solo ou água, se decompõe em apenas 21 dias no solo. Além disso, só é considerado inflamável em temperaturas acima dos 340 graus. Também não é considerado como um produto tóxico.

Produzido a partir de grãos e sementes comestíveis, o óleo vegetal isolante é uma energia totalmente renovável, já que todas as culturas podem sem plantadas novamente. “Vários produtos encontrados no campo que podem ser transformados tanto em óleo isolante como em biocombustível. É possível extrair o óleo de mais de 19 oleaginosas”, explica Cornélio. Sementes de macaúba, tungue, cártamo, crambe, girassol, soja, pinhão manso, gergelim e linhaça são só algumas das matérias-primas utilizadas.

No final da vida útil, o óleo ainda poderá ser reutilizado para produção de biocombustíveis. O novo fluido vegetal passou por vários ensaios de caracterização e estabilidade à oxidação, para atender normas específicas que garantem a qualidade do produto.

O AGBIOELETRIC® é um produto patenteado pela FAG, que já está sendo usado por algumas indústrias de transformadores. Após cinco anos de análises, a região do lago municipal de Cascavel, a FAG e o Hospital São Lucas receberam transformadores fabricados com o produto. À medida que houver a expansão no uso destes óleos isolantes de origem vegetal, o setor elétrico passará a contribuir para a sustentabilidade do país. A FAG já está dando os seus passos.